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Indústria de energia, óleo e gás: o futuro do mercado brasileiro

11 de janeiro de 2023

A indústria de energia, óleo e gás, uma das mais afetadas no início da pandemia de Covid-19, logo mostrou seu poder de resiliência. Nos últimos anos, vive uma forte onda de recuperação no Brasil, apesar de toda a estagnação econômica.

O período de bonança trouxe consigo as preocupações de um mundo em pleno processo de transformação. Por isso, o conceito de “recuperação verde” ganha força no mercado. Seu nome vem da nova perspectiva reforçada no período inicial de pós-pandemia, fundamentada na necessidade de encontrar e implementar abordagens no setor que considerem as questões climáticas.

Aliás, um dos diferenciais competitivos da produção brasileira é justamente que o seu petróleo emite menor quantidade proporcional de carbono em comparação à média global. 

Entre os campos com menores emissões no mundo, por exemplo, estão os de Tupi e Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, que têm intensidade média de 10 kg de CO2 por barris de óleo. Segundo a Petrobras, a média mundial é de 17 kg de CO2 por barril, o que representa um valor 70% maior do que a emissão brasileira.

Indústria de energia, óleo e gás no Brasil

Graças a uma agenda agressiva de leilões e outras iniciativas, que geraram investimentos generalizados no País, as oportunidades no mercado de energia, óleo e gás podem ser vistas desde o aumento no número de novas contratações e aquisições de novos equipamentos, embarcações de apoio, sondas e unidades de produção, até os recordes de lucros registrados em 2022 pela indústria do petróleo.

Segundo projeções da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro) em parceria com a Deloitte, no Brasil, o setor deve investir em petróleo e em sua cadeia de produção cerca de R$ 102 bilhões até 2025 e, assim, abrir 525 mil vagas de emprego nas áreas de exploração e produção. A indústria provavelmente entrará em 2023 com seu balanço saudável e com capital contínuo.

Apesar desse cenário, é preciso cautela. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) apontou que entre as possíveis instabilidades que a indústria de petróleo e gás pode enfrentar estão o alto nível de endividamento por parte das empresas e dos governos. Da mesma forma, aumento generalizado da inflação, aumento dos juros, possíveis rupturas nas cadeias de fornecimento, instabilidades no consumo e na produção de energia em geral podem ser fatores relevantes de atenção. 

Um dos motivos para esse cenário é a invasão da Ucrânia, país que é grande exportador de gás natural. A guerra obrigou muitos países a repensar a sua segurança energética e provocou incertezas derivadas da instabilidade geopolítica, que elevaram os preços de insumos e dificultaram garantir a entrega deles. 

Tendências da indústria de energia, óleo e gás

Essa movimentação global para rever processos também tem a capacidade de gerar novas parcerias de negócios, focadas em suprir as demandas de produção e fornecimento.

Uma das possibilidades de parceria, e que também estimula a transição energética, aborda o movimento de empresas que ainda demandam do carvão, mas buscam utilizar outros insumos energéticos menos poluentes, como o gás natural. Isso deve aumentar o consumo global e fomentar mais negócios.

Para que isso ocorra com naturalidade e sem crises, é preciso dar um passo além, trazendo inovação e uma mudança cultural para a indústria de energia, óleo e gás. Entre as tendências, as abordagens fundamentadas na transformação digital devem ser o foco e, segundo a Abespetro (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo), elas podem:

  • transformar a cadeia de fornecimento por meio da digitalização de processos;
  • aumentar a produtividade ao fazer uso de machine learning (ML) e inteligência artificial (IA);
  • construir sistemas mais seguros;
  • trazer novas práticas de gestão de pessoas e dados que ajudam no suporte às metas de diversidade, equidade e inclusão do setor, assim como nas experiências mais positivas para os stakeholders, combinando os dois mundos;
  • aumentar a eficiência da cadeia de suprimentos, melhorar a proteção de dados e aprimorar conexões.

O fato é que este é justamente um ponto fraco da indústria de energia, óleo e gás, apontado pela pesquisa “Maturidade digital na indústria de óleo e gás no Brasil”, realizada pela Deloitte, ABESPetro e IBP, com o apoio institucional da ANP. 

Como um setor tradicional, este é formado por empresas que trouxeram a disrupção tecnológica, no geral, apenas para áreas não operacionais, como trabalho administrativo e elaboração de contratos.

Com relação às áreas estruturais, ainda há muito o que ser feito e as próprias empresas consultadas esperam que, nos próximos anos, possam ampliar essa digitalização para as atividades de exploração e de produção.


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